Que atire a primeira pedra quem nunca se frustrou ao buscar uma oportunidade de investimento aparentemente quente, e tempos depois perceber que fez uma péssima escolha. Será que especialistas e a imprensa especializada tentam ludibriar os menos experientes? Ou será que bons investimentos simplesmente deixam de ser bons quando pessoas comuns passam a optar por eles? Aposte nessa segunda reflexão.
Oportunidades possuem prazo de validade
Uma boa oportunidade de investimento hoje provavelmente deixará de ser boa em um prazo não muito longo. Isso não é profecia, mas sim pura lógica econômica. Os melhores investimentos provavelmente serão as maiores causas de frustrações para desavisados, simplesmente porque oportunidades têm prazo de validade.
Ganho fácil é aquilo que chamamos de oportunidade, pois é improvável que, sendo fácil, dure muito tempo. Afinal, quanto maior a facilidade de ganhos que uma oportunidade de investimento traz, mais evidente ela é para investidores. E por consequência, atraindo mais rapidamente interessados em aproveitá-la.
Quando muitas pessoas disputam uma oportunidade, ela se torna escassa e encarece, deixando de ser uma oportunidade de investimento. Em outras palavras, mostre-me um caminho fácil para ganhar dinheiro, que eu consigo torná-lo difícil. Essa é uma reflexão essencial para quem lida com escolhas de investimentos e negócios.
Se muitos investidores disputam imóveis em uma região que se valoriza, a disputa gera escassez, subindo o preço dos imóveis. Isso chama a atenção do mercado, atrai ainda mais investidores, criando preços desequilibrados. Em um segundo momento, passam a despertar maior racionalidade e gerar desconfiança de que o desequilíbrio existe.
Nesse momento, a oportunidade se esgotou. Se os preços subiram demasiadamente, pode acontecer uma queda de preços, causando o que se chama de estouro da bolha. Se a alta não for considerada muito absurda, os preços simplesmente estacionam em um certo patamar ou entram em um processo de declínio gradual por falta de interessados.
Esse fenômeno acontece com toda dica de investimento que se torna uma moda. Pode ser no mercado de imóveis, de ações ou de qualquer outro ativo. Segundo a lei da oferta e da demanda, tudo que está na moda tende à saturação.
Como garimpar oportunidade de investimento
Por isso, uma das principais regras de sucesso de quem investe ou pretende investir é se envolver cada vez mais com o mercado em que negocia seus ativos. É importante acompanhar diferentes fontes de análise, frequentar eventos e cursos, trocar experiências com outros investidores e inovar na forma de estudar o desempenho da carteira de ativos. Quanto mais envolvido estiver o investidor, mais apto estará a identificar oportunidades – as novas, e não as velhas que já estão perdendo força.
Isso não significa que não há saída para aqueles que têm pouca experiência com investimentos. A velha recomendação estratégica continua válida: quanto menor seu envolvimento com investimentos, tenha uma carteira mais conservadora. Porém, em um cenário de juros (nominais e reais) baixos, nem o mais conservador dos investidores deve se dar ao luxo de ter apenas recursos em renda fixa.
Conclusão
Os mais conservadores deveriam ter uma parcela pequena dos investimentos em mercados renda variável, seja em ações, commodities ou pequenos imóveis, para poder sentir o oportuno desconforto do sobe e desce dos preços. Por que oportuno? Porque as quedas de preços nos incomodam. O incômodo deveria levar o investidor a buscar mais informações sobre a perda que afeta parte de sua carteira, e essas informações o conduziriam a oportunidades ainda em seu estágio inicial. Daí viria o verdadeiro processo de enriquecimento, quando uma oportunidade de ganho fácil se mostra evidente e o investidor saca boa parte de sua renda fixa para comprá-la ainda barata.
Em tempos de juros baixos, oportunidades estão raras. Se você tem algo gerando resultados muito bons, tem em mãos um forte sinal de alerta. Pode estar chegando a hora de se desfazer desse ótimo ativo e buscar a próxima oportunidade de investimento.