Se você quer fugir da conta poupança, mas não se sente à vontade para comprar títulos públicos, ou não tem tempo para montar a estratégia e acompanhar os vencimentos para fazer reaplicações, delegar esta atividade para um gestor de fundos de investimentos pode ser uma boa alternativa.
Entre os diversos produtos disponíveis, os Fundos DI são os mais conservadores e, portanto, comparáveis com a poupança.
O que é o Fundo DI? Qual a sua rentabilidade? Este será o tema do nosso artigo de hoje.
Este artigo faz parte da série “O fim da Conta Poupança?”, onde o objetivo é apresentar a dinâmica da rentabilidade da conta poupança e mostrar outras alternativas de investimento. Se você perdeu algum artigo, pode acompanhar pelo índice abaixo:
Parte 1: Ainda vale a pena investir na poupança?
Parte 2: Quando rende a poupança atualmente.
Parte 4: Tesouro Selic ou Poupança?
Fundo DI: O que é?
Entre as várias modalidades de fundos, existem os Fundos Referenciados DI. É um fundo de renda fixa atrelado à taxa DI, que por sua vez acompanha a Taxa Selic.
São ideais para investimentos de curto prazo. Este tipo de fundo deve manter no mínimo 95% de seu patrimônio líquido investido em ativos que acompanhem a Taxa Selic e ter no mínimo 80% do patrimônio representado por títulos públicos federais ou em ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito. Dessa forma, permite que seja um investimento de baixíssimo risco, comparável com a conta poupança em termos de segurança.
Segurança
Os Fundos DI não são cobertos pelo FGC, mas possuem um nível de segurança alto. A diversificação e a alocação predominantemente em títulos públicos (mencionados acima) reduzem significativamente as chances de uma quebra.
Taxas
Os fundos de investimento possuem a cobrança de duas taxas a saber:
Taxa de Administração
Taxa cobrada pelo fundo para gestão e administração do fundo. Serve principalmente para cobrir os gastos com pessoal, estrutura e demais prestadores de serviço que operacionalizam o fundo.
Os Fundos DI não precisam de uma “gestão ativa”, isto é, não precisam de uma grande equipe de análise de investimentos, pois investem basicamente em títulos públicos. Por isso, as taxas praticadas por estes fundos devem estar idealmente abaixo de 0,5% ao ano.
Taxa de Performance
“Prêmio” que é cobrado ao gestor de um fundo por superar algum índice considerado como referência (benchmark). Por exemplo: fundos onde o gestor cobra uma taxa de 20% da rentabilidade que superar o CDI.
Como o Fundo DI acompanha basicamente a oscilação da Taxa Selic, a maioria dos fundos dessa categoria não cobram esta taxa.
Tributação
O Tesouro Selic sofre tributação, onde a alíquota é aplicada sobre o rendimento que varia conforme o período da aplicação:
Para fundos de curto prazo, onde a carteira tenha prazo médio igual ou inferior a 365 dias – as alíquotas são as seguintes:
- 22,5%: aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20%: aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
Para fundos com prazo médio igual ou superior a 365 dias, a tributação segue a tabela regressiva abaixo:
- 22,5%: aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20%: aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
- 17,5%: aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;
- 15%: aplicações com prazo de acima de 720 dias.
Come-cotas
Esta antecipação gera uma certa perda, uma vez que é retirada uma parte do patrimônio que poderia continuar rendendo juros.
Entretanto, um fundo com uma taxa de administração reduzida e maior liquidez (comparada com o Tesouro Selic) será mais eficiente.
IOF
Os Fundos DI sofrem a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Esta tributação, regressiva, incide sobre o os rendimentos dos resgates com menos de 30 dias após a aplicação.
Se o produto possui liquidez diária, você resgatará o dinheiro a qualquer momento. Entretanto, as aplicações com menos de 30 dias serão tributadas, conforme tabela abaixo:
Comparativo de Rentabilidade
E a partir de qual patamar de Taxa Selic e Taxa de Administração é mais vantajoso investir em um Fundo DI? Apresentaremos no quadro abaixo, em um cenário com uma aplicação com menos de 180 dias, pois possui a maior tributação.
Antes de fazer a comparação, é importante que você leia este artigo onde explico a diferença entre a remuneração nova e antiga da poupança.
Como podemos ver acima, o Fundo DI pode ser mais vantajoso que a Conta Poupança, desde que tenha as seguintes condições:
- Taxa de administração abaixo de 0,5% ao ano: Neste patamar, o Fundo DI vence a poupança em qualquer cenário, levando em consideração aplicações feitas após 03.05.2012. Por outro lado, para depósitos realizados até esta data, os Fundos DI serão mais vantajosos em cenários de Taxa Selic acima de 9% ao ano.
- Rendimento mensal próximo ou superior a 100% do CDI: Se a taxa de administração for inferior 0,5%, é bem provável que o fundo renda próximo a 100% do CDI. A rentabilidade apresentada nos sites e lâminas já estão líquidas das taxas de administração e performance.
Liquidez
Os fundos de investimentos possuem duas informações importantes para o resgate:
- data de cotização: quando os recursos aplicados no fundo são convertidos em reais e
- data do resgate: quando os recursos são efetivamente creditados em sua conta corrente.
Os fundos DI normalmente possuem as datas de cotização e resgate em “D+0”. Isto quer dizer que os valores, solicitados no horário estipulado pela administradora do fundo, serão creditados imediatamente em conta. A lâmina de informações, disponibilizada no site do fundo, possui esta informação.
Por conta desta dinâmica, estes fundos são mais vantajosos para quem quer aplicar o dinheiro por poucos dias para pagar uma fatura de cartão de crédito, por exemplo. Como estou enfatizando em todos os artigos desta série, aplicações com menos de 30 dias na conta poupança geram rendimento zero.
Dois exemplos de fundos que possuem ótima rentabilidade, liquidez imediata e taxa de administração baixíssima são o Tesouro Selic Simples e Fundo Yield DI, do BTG Pactual.
Conclusão
Os Fundos Referenciados DI são ótimas alternativas em relação à conta poupança, principalmente para as aplicações que são remuneradas pela nova regra da poupança (depósitos a partir de 03.05.2012).
Portanto, é necessário avaliar a taxa de administração deste fundo (abaixo de 0,5% ao ano) e o histórico de rentabilidade (próximo a 100% do CDI) para tomar esta decisão.
Como estes fundos possuem a exigibilidade mínima de 95% do seu patrimônio estar atrelado a um título público, possui um nível de segurança semelhante ao Tesouro Selic.
Com este artigo, finalizamos nossa série “O Fim da Poupança”. Espero que tenha lhe auxiliado nas suas escolhas e redirecionado suas decisões de investimento.
Até a próxima.